O cachorro-vinagre (Speothos venaticus) é um animal que faz parte da família Canidae, composta de mamíferos da ordem Carnivora que engloba cães, lobos, coiotes, raposas e chacais. Ele também é conhecido como cachorro-do-mato-vinagre, janauira, janauí, cachorro-do-mato-cotó e pitoco.
O cachorro-vinagre é encontrado principalmente em matas de galeria e florestas de vegetação ripária. No entanto, ele é classificado como uma espécie vulnerável pelo Ibama e quase ameaçado de extinção pela IUCN.
No Brasil, já foram registradas aparições do cachorro-vinagre na Amazônia, na Mata Atlântica, no Cerrado, no Pantanal e até mesmo em Minas Gerais. Contudo, sua distribuição geográfica e outras de suas características ainda são dados pouco conhecidos.
Habitat
O cachorro-vinagre é um canídeo raro, dificilmente encontrado para ser observado em campo e também pouco estudado. Alguns dados indicam que a espécie nunca foi muito abundante.
Estima-se que existam 15 mil indivíduos adultos, com um declínio esperado devido principalmente à perda de habitat. Ainda assim, faltam informações para que se possa fazer estimativas populacionais mais precisas.
Já foram observados cachorros-vinagre em habitats florestais de planície, incluindo florestas de galeria, floresta semidecidual e floresta sazonalmente inundada. No Brasil, também encontraram espécies no cerrado.
Características do cachorro-vinagre
O cachorro-vinagre tem pernas curtas e mede cerca de 50 a 75 centímetros de comprimento, sendo que sua cauda tem de 13 a 15. O animal pode pesar de 5 a 7 quilos, é marrom com traseiros e cauda mais escuros.
Seus pés são palmados, feitos para solos macios próximos de água. Além disso, diferente de outras espécies, o cachorro-vinagre costuma formar matilhas. Ele pode viver em grupos de até 10 indivíduos, que caçam em bandos cooperativamente.
Como abrigo, ele costuma utilizar troncos caídos ou tocas escavadas por outros animais, como tatus e tamanduás.
Os hábitos alimentares do cachorro-vinagre incluem outros animais, sua dieta é quase exclusivamente carnívora. Ele se alimenta principalmente de grandes roedores, como cutias, pacas e capivaras, e outros pequenos mamíferos, como certas espécies de veados e emas.
A gestação dessa espécie dura cerca de 67 dias e a fêmea dá à luz em um ninho construído também nas tocas de outros animais. Geralmente, nascem de um a seis cachorros-vinagre que são desmamados depois de oito semanas.
Cachorro-vinagre é uma espécie quase ameaçada
O cachorro-vinagre parece ser naturalmente raro. Em muitos lugares, seu status é de uma espécie rara ou mesmo desconhecida, apenas dois países informam ser um animal comum (Guiana e Peru).
Ainda assim, o cachorro-vinagre é classificado pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) como uma espécie quase ameaçada de extinção.
Entre as ameaças graves percebidas, notam-se essas:
- Invasão humana e perda de habitat devido à agricultura em grande escala;
- Conversão de terras em pastagens e plantações em grande escala de árvores de monocultura (por exemplo, eucalipto e pinheiro);
- Redução na abundância de presas devido à caça ilegal e predação de cães domésticos;
- Aumento do risco de contrair doenças letais de cães domésticos.
Ações de conservação
Algumas ações de conservação buscam proteger o cachorro-vinagre. Em alguns países, a caça é proibida por lei, são eles: Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Panamá, Paraguai e Peru. No Brasil, tanto a caça quanto o comércio também são proibidos de acordo com a Lei Número 5197:191967.
Além da legislação, alguns indivíduos já foram identificados em unidades de conservação. Em 2020, por exemplo, armadilhas fotográficas mostraram um grupo de quatro cachorros-vinagre na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro, no estado do Amazonas.
No entanto, de acordo com a IUCN, não há plano de recuperação, controle ou esquema de monitoramento sistemático da espécie. Nesse sentido, a organização aponta como necessária a realização de pesquisas que busquem entender o tamanho populacional e a distribuição geográfica com mais precisão, além de estudar melhor a própria espécie.
Em outubro de 2012, o Plano de Ação Nacional para Conservação do Cachorro-vinagre foi elaborado e tinha como objetivo reduzir a vulnerabilidade da espécie, aplicando o conhecimento aplicado à sua conservação e proteção de habitats adequados.
Contudo, o plano encerrou em 2016, com apenas 17% das suas ações concluídas. Com isso, a espécie passou a ser contemplada no Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Canídeos Silvestres.
Fonte: Ecycle