Nos dias de hoje, a incidência de problemas de cunho psicológico em humanos é cada vez mais frequente, e se engana quem pensa que esse tipo de complicação não afeta a vida dos animais. Pesquisas específicas chegaram a ser feitas para identificar e provar a existência de tristezas profundas em cães, mas a depressão felina também é uma doença real, e quem tem um gatinho em casa também deve ficar ligado no comportamento do seu pet para evitar um quadro depressivo.
Assim como no caso das pessoas e dos cães, fatores como a perda de alguém querido e períodos de solidão muito longos fazem parte da lista de causas da depressão felina. No entanto, os motivos do desenvolvimento de uma doença desse tipo em animais podem ser muitos e, pelo fato de os gatos serem bastante independentes, os sinais podem levar mais tempo até que sejam notados pelos proprietários do bichano – piorando o quadro de tristeza do pet e, possivelmente, dificultando o tratamento dos sintomas.
Embora os sinais clínicos dos felinos deprimidos sejam, no geral, bastante parecidos com os dos cães acometidos pela doença, o comportamento agressivo e a vocalização exagerada (com miados altos e frequentes) são mais comuns entre os sintomas dos bichanos, que mudam um pouco até a sua fisionomia quando afundados em um estado depressivo.
Conforme sempre ressaltamos, é muito importante que, ao notar qualquer tipo de alteração de comportamento ou sinal atípico no seu pet, um profissional veterinário deve ser consultado, pois, assim como no caso dos cães com depressão, a hipótese de qualquer outro tipo de doença deve ser totalmente descartada para que um diagnóstico preciso seja feito – permitindo que o tratamento ideal seja elaborado e executado no animal.
As causas da depressão felina
Como citamos anteriormente, as razões que levam um gato à depressão podem ser variadas. No entanto, tanto para cães como para os felinos, as mudanças súbitas e bruscas de ambiente ou rotina estão entre os fatores que tem mais chance de incentivar a tristeza profunda nos bichanos.
Mudar de residência ou alterar móveis nos ambientes em que o gato circula já pode ser razão para a tristeza do animal, e a rotina à qual o gato está acostumado deve ser seguida. Perder alguém muito próximo ou um amiguinho felino também são itens de grande relevância para o aparecimento da depressão em gatos, que também podem apresentar sintomas de tristeza nos casos em que um novo bicho de estimação é incluso à família.
O nervosismo dos gatos ao visitar pet shops pode ser um fator de risco para o surgimento da doença e, por serem muito sensíveis, os bichanos que convivem em ambientes e com pessoas de grande nível de estresse também podem ser prejudicados; já que captam todo tipo de vibração ao seu redor.
A ausência de uma dieta balanceada não fica de fora da lista de engatilhadores da depressão felina, pois, a falta dos nutrientes necessários para a saúde dos gatos pode influenciar em alterações hormonais e orgânicas do animal – e este cenário é tido como um facilitador do surgimento de problemas psicológicos. Por considerarem a alimentação como um tipo de entretenimento, os gatos com refeições monótonas e sempre iguais também podem desenvolver um quadro de tristeza.
A falta de liberdade e de passeios tidos como habituais também se apresenta como desencadeador da depressão em gatos, e nos casos de bichanos não castrados, o risco aumenta – já que é muito mais difícil para que o espírito independente dos felinos se acostume em ficar dentro de casa por muito tempo sem a castração.
Bichanos que ficam sozinhos por períodos muito longos de tempo e sem estímulos podem ser igualmente afetados por complicações psicológicas, e os donos de pets devem se atentar a estes fatores para evitar o aumento dos riscos da depressão felina.
Como prevenir a depressão em gatos
Nem sempre é possível prevenir a aparição da depressão felina – tendo em vista que boa parte dos fatores que desencadeiam a doença não podem ser controlados pelos donos do pet. Entretanto, diversas ações podem ser feitas para que se diminuam os riscos do desenvolvimento do problema, e dar atenção constante por meio de carinhos e brincadeiras é o primeiro passo para manter seu bichano alegre.
Apostar na variedade de alimentos (de acordo com uma dieta balanceada, é claro) também pode ser uma boa opção, assim como realizar atividades divertidas junto ao animal com frequência. Manter uma rotina pré-determinada é outro fator importante para a prevenção da tristeza profunda, e evitar mudanças muito grandes de casa e ambiente (quando for possível) é igualmente indicado.
É recomendado que se passe, pelo menos, 30 minutos por dia realizando algum tipo de atividade com o gato e, na ausência de uma companhia durante o dia, pode ajudar bastante que as janelas da casa fiquem abertas (se você morar em apartamento, siga isto somente após proteger as janelas com telas) e o rádio ligado, dando uma sensação mais agradável ao pet. Em conclusão, o que há de mais importante a observar é que, com muito carinho, chamegos e atenção, fica bem mais difícil que o seu felino desenvolva algum tipo de doença psicológica e; portanto, os mimos para seu pet nunca devem cessar.
Sintomas da depressão felina
Boa parte dos sintomas que se manifestam em cães com depressão também podem dar sinais nos gatos que tem a doença, e ficar atento às mudanças de comportamento do seu bichano é fundamental para que seja feito o reconhecimento e o tratamento do problema. Os miados podem ser um bom indicador de alguma complicação relacionada à tristeza na vida dos gatos e, por isso, é preciso prestar atenção no caso de ele passar a miar com uma frequência muito maior (ou menor) que o de costume.
A falta de apetite e a recusa de alimentos também fazem parte dos principais sinais de depressão felina, assim como o uso errado da caixa de areia. Os bichanos – que são tidos como animais extremamente limpos e preocupados com a higiene – passam a urinar e defecar por toda a casa quando estão deprimidos.
Evitar brincadeiras, antigamente adoradas, permanecer isolado e apresentar comportamentos extremamente agressivos também podem ser sinais de alerta para a depressão nos gatos, que também podem passar a se esconder das pessoas e desenvolver doenças de pele em função do seu estado. Em muitos casos, gatos muito tristes passam a lamber sem parar determinadas regiões de seus corpos (como as patas, que são de acesso mais fácil), causando a perda de pêlos na região e, com o passar do tempo, podem aparecer feridas sérias e que precisam de tratamento.
Embora esse conjunto de sinais possa indicar a presença de uma tristeza profunda no bichano, é sempre necessário que uma visita seja agendada com um veterinário para confirmar o diagnóstico e iniciar qualquer tipo de tratamento.
Há casos em que os gatos se isolam, simplesmente, por ser de seu costume, e fazem suas necessidades no lugar errado por outros tipos de problema e doenças; portanto, exames clínicos e laboratoriais devem ser realizados para excluir outras anormalidades antes que uma conclusão seja apresentada, e somente um profissional pode fazer isso da maneira mais adequada.
Tratamento de gatos deprimidos
Embora a adição de um novo pet à família seja tida como um fator de risco para o desenvolvimento da depressão felina, tal ação também pode ser indicada, justamente, para tirar o animal desse estado; já que ter a companhia de outro bichano para brincar pode elevar bastante o nível de felicidade dos gatinhos.
Medicamentos homeopáticos e alopáticos – incluindo antidepressivos - também podem ser indicados para os felinos acometidos pela doença; no entanto, a prescrição de qualquer tipo de medicação deve ser feita, somente, por um veterinário, evitando causar ainda mais problemas para a saúde do pet que já está tristonho.
Cada caso de depressão felina deve ser analisado individualmente para que um tratamento possa ser definido. No entanto, com ou sem a ajuda de remédios; aumentar os carinhos, os mimos e o tempo passado com seu pet é indicado para todos os casos de tristeza em animais, sendo que, em alguns casos, o simples fato de agradar um pouco mais o seu bichano com muito amor e privilégios adicionais (como novos brinquedos e petiscos) já pode ser o suficiente para que ele se sinta bem melhor.
Médico Veterinário (CRMV- SP 10.687), formado pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - Unesp com Pós Graduação em Oncologia Veterinária pelo Instituto Bioethicus e Pós Graduação em Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais pelo Instituto Qualittas. Responsável pelo setor de Oncologia Médica e Cirúrgica do Hospital Veterinário Cães e Gatos 24h. Dr. Toyota é integrante da equipe de Veterinários do portal CachorroGato e também responde por dúvidas na ferramenta Dr. Responde.