“Feral Children” (em português, “Criança Selvagem”) é uma série de
fotografias da artista Julia Fullerton-Batten, nascida na Alemanha,
inspirada por histórias reais de crianças abandonadas que cresceram ao
lado de animais.
Ao conhecer as experiências de Marina Chapman, a fotógrafa decidiu pesquisar mais sobre o assunto e percebeu que existem casos documentados der crianças selvagens em quase todos os continentes.
Para ilustrar tais narrativas, seu projeto traz um toque sombrio às circunstâncias incomuns nas quais esses indivíduos viveram.
Confira:
Em 1845, uma menina foi vista correndo de quatro com uma matilha de lobos que estava atacando um rebanho de cabras. Um ano mais tarde, foi vista novamente ao lado de lobos, comendo uma cabra. Ela foi capturada, mas escapou. Em 1852, foi vista pela última vez amamentando dois filhotes de lobo, mas correu para a floresta.
Oxana foi encontrada vivendo em um canil em 1991. Ela tinha oito anos e tinha crescido ao lado dos cães por seis. Seus pais eram alcoólatras e haviam a deixado para fora de casa uma noite. À procura de calor, a garota de três anos de idade foi para o canil dormir com os cães, um ato que provavelmente salvou sua vida.
Quando foi encontrada, ela se comportava mais como um cão do que uma criança. Corria de quatro, ofegava com a língua para fora, mostrava os dentes e latia. Por causa de sua falta de interação humana, ela só sabia dizer as palavras “sim” e “não”.
Terapia intensiva auxiliou Oxana a aprender habilidades sociais e verbais básicas, mas apenas com a capacidade de uma criança de cinco anos. Com 30 anos e poucos de idade, ela agora vive em uma clínica e trabalha com animais no local, sob a supervisão de seus cuidadores.
Shamdeo, um menino com cerca de quatro anos de idade, foi descoberto em uma floresta na Índia em 1972. Ele estava brincando com filhotes de lobo. Sua pele era muito escura e ele tinha dentes afiados, unhas compridas em forma de gancho, cabelos emaranhados e calos nas palmas das mãos, cotovelos e joelhos. Ele gostava de caçar galinhas, comia terra e parecia ter um desejo por sangue.
Depois de obter ajuda, finalmente parou de comer carne crua, mas nunca aprendeu a falar, apenas a se comunicar através da linguagem de sinais. Ele morreu em fevereiro de 1985.
Prava, um menino de sete anos de idade, foi encontrado em um pequeno apartamento de dois quartos com sua mãe de 31 anos. Apesar de haver espaço, ele estava confinado em uma sala cheia de gaiolas de pássaros, contendo dezenas de aves e suas fezes. A mulher tratava o filho como mais um animal de estimação. Ele não estava fisicamente machucado ou malnutrido, mas não sabia falar porque ela nunca havia conversado com ele.
Como a única comunicação que ocorria era com as aves, o menino piava e, quando não era compreendido, acenava com os braços e as mãos como um pássaro. A mãe eventualmente concordou em abrir mãe da guarda de Prava, que foi transferido para um centro de atendimento psicológico, onde os médicos ainda estão tentando reabilitá-lo.
Marina foi sequestrada em 1954 aos 5 anos de idade de uma vila sul-americana remota. Em seguida, foi abandonada na selva por seus sequestradores. Ela viveu com uma família de pequenos macacos-prego por cinco anos antes de ser descoberta por caçadores. Ela comia bagas, raízes e bananas, dormia em buracos de árvores e caminhava de quatro. Parecia ter intimidade com os macacos e aprendeu com eles a subir em árvores e o que era seguro de comer.
Marina tinha perdido a linguagem completamente no momento em que foi resgatada. Mas os caçadores não lhe ajudaram. Na verdade, a venderam para um bordel, de onde ela escapou e passou a viver na rua. Em seguida, foi escravizada por uma família mafiosa, antes de ser salva por um vizinho, que a mandou para Bogotá para viver com sua filha. Eles adotaram Marina ao lado de seus cinco outros filhos. Quando ela chegou a adolescência, aceitou um emprego como governanta e babá e mudou-se com a família para o Reino Unido, em 1977, onde ainda vive hoje. Marina se casou, teve filhos e escreveu um livro sobre suas experiências selvagens: “The Girl With No Name”.
Madina viveu com cães desde o nascimento até os três anos de idade, partilhando alimentos, brincando e dormindo com eles. Quando assistentes sociais a encontraram em 2013, ela estava nua, andando de quatro e rosnando como um cão.
O pai de Madina havia abandonado a família logo depois de seu nascimento. A mãe era alcoólatra e deixava a garota roendo ossos no chão com os cães. Madina fugia de casa para um playground com frequência, mas a falta de habilidades sociais atrapalhava sua interação com as outras crianças, que não brincavam com ela. Madina mal conseguia falar e brigava com todo mundo. Cães se tornaram seus únicos amigos.
Depois que foi encontrada, médicos analisaram Madina e concluíram que ela é mental e fisicamente saudável. Há uma boa chance de que tenha uma vida normal daqui para frente, uma vez que aprender a falar e agir como uma criança de sua idade.
Quando era criança, o pai de Genie decidiu que ela era “retardada” e a amarrou no assento de um vaso sanitário em uma pequena sala da casa. Ela ficou isolada em confinamento por mais de 10 anos. Até dormia sentada. Em 1970, aos 13 anos, uma assistente social notou sua condição. Ela não sabia falar e constantemente cuspia e arranhava-se.
Durante anos, Genie se tornou um objeto de pesquisa. Ela gradualmente aprendeu a emitir algumas palavras, mas não conseguia organizá-las gramaticalmente. Também começou a ler textos simples e desenvolveu uma forma limitada de comportamento social. A garota mudou de lares adotivos diversas vezes, experimentando abuso e assédio. Por fim, foi morar em um hospital infantil, onde foi constatado que ela havia regredido de volta ao silêncio. Hoje, parece que vive em uma instituição privada para adultos mentalmente subdesenvolvidos.
Em 1912, um menino de dois anos desapareceu, levado por um leopardo. Três anos depois, um caçador matou uma fêmea e encontrou três filhotes, um dos quais era o menino, agora cinco anos de idade. Ele foi devolvido à sua família em uma pequena aldeia na Índia.
Quando foi encontrado, andava de quatro tão rápido quanto um homem adulto na posição vertical. Seus joelhos estavam cobertos de calos duros, seus dedos estavam dobrados quase em ângulo reto com o seu peito do pé, e as palmas das mãos possuíam uma pele dura. Ele mordia todos que se aproximavam dele, e comeu uma galinha crua quando chegou à aldeia. O menino não podia falar, apenas rosnava e grunhia.
Mais tarde, se recuperou e passou a se comunicar e andar ereto. Infelizmente, ficou gradualmente cego de catarata. A condição não foi causada por suas experiências na selva, mas sim por uma doença comum na família.
Os pais de Sujit, que exibia comportamento disfuncional quando criança, o trancaram em um galinheiro. Sua mãe cometeu suicídio e seu pai foi assassinado. Seu avô assumiu a responsabilidade pelo garoto, mas ainda o mantinha confinado no galinheiro. Ele tinha oito anos quando foi encontrado no meio de uma estrada, cacarejando. Seus dedos estavam voltados para dentro.
Ele foi levado para um lar de idosos por cuidadores, mas como era muito agressivo, Sujit foi amarrado com lençóis em sua cama por mais de 20 anos. Agora com mais de 30 anos de idade, ele é cuidado por Elizabeth Clayton, que o resgatou do lar e vem o auxiliando desde então.
Kamala, 8 anos, e Amala, 12, foram encontradas em 1920 em uma cova de lobos. Esse é um dos casos mais famosos de crianças selvagens. Elas foram descobertas por um reverendo, Joseph Singh, que relatou que as meninas tinham um olhar medonho, corriam de quatro e não pareciam humanas.
Quando foram capturadas, as garotas dormiam juntas, grunhiam, arrancavam suas roupas, não comiam nada a não ser carne crua, e uivavam. Fisicamente deformadas, com tendões e articulações em seus braços e pernas encurtados, elas não demonstravam nenhum interesse em interagir com humanos. Sua audição, visão e olfato eram excepcionais, no entanto.
Amala morreu no ano seguinte após a sua captura. Kamala aprendeu a andar ereta e a dizer algumas palavras, mas morreu em 1929 de insuficiência renal, com 17 anos.
Ivan foi abusado por sua família e fugiu quando tinha apenas 4 anos de idade. Ele passou a viver nas ruas mendigando. Logo, desenvolveu um relacionamento com uma matilha de cães selvagens, compartilhando com eles a comida que ganhava. Ivan se tornou uma espécie de “líder” da matilha.
Passando dois anos desta forma, Ivan foi finalmente capturado e colocado em um lar para crianças. Ele ainda mantinha competências linguísticas por conta da mendicidade. Isso e o fato de que cresceu em condições selvagens por um curto período de tempo auxiliaram sua recuperação. Ele agora tem uma vida normal.
Além de sua infância, a história de Memmie é surpreendentemente bem documentada. Durante dez anos, ela caminhou milhares de quilômetros sozinha pelas florestas da França, comendo pássaros, sapos, peixes, folhas, ramos e raízes. Lutou contra animais selvagens, especialmente lobos. Eventualmente, foi capturada aos 19 anos, com a pele escura, peluda e com garras. Memmie parecia estar em um estado de alerta constante. Ela não sabia falar e se comunicava apenas com gritos e guinchos. Seus polegares eram mal formados, mas ela podia esfolar coelhos e aves e comê-los crus.
A jovem recebeu muita atenção. Em 1737, a Rainha da Polônia, mãe da rainha francesa, levou Memmie para caçar com ela em uma viagem para a França. Ao longo de décadas, Memmie aprendeu a levar uma vida normal graças a série de patronos ricos, que financiaram sua recuperação. Em 1747, se tornou freira por um tempo, mas foi atingida por uma janela que despencou e seu patrono morreu logo depois. Ela ficou doente e desamparada, mas acabou encontrando outro patrono rico. Memmie morreu financeiramente bem em Paris em 1775, com 63 anos.
John fugiu de casa em 1988, quando tinha três anos, depois de ver seu pai matar sua mãe. Na selva, passou a viver com macacos. Ele foi capturado em 1991, com cerca de seis anos, e colocado em um orfanato. Quando foi limpo, verificou-se que todo o seu corpo estava coberto de pelos. Sua dieta consistia principalmente de raízes, nozes, batata doce e mandioca, e ele tinha desenvolvido um caso grave de vermes intestinais. O menino tinha ainda calos nos joelhos de andar como um macaco.
Depois de resgatado, John aprendeu a falar e andar como um ser humano. Sua voz fina ficou famosa, quando ele fez uma turnê no Reino Unido com o “20-strong Pearl of Africa”, um coral de crianças.
Este é um caso histórico, mas surpreendentemente bem documentado de criança selvagem, uma vez que Victor foi muito pesquisado. Encontrado no final do século 18 na mata de Saint Sernin sur Rance, no sul da França, o menino foi capturado, mas de alguma forma escapou. Em 8 de janeiro de 1800, foi resgatado novamente. Com cerca de 12 anos de idade, seu corpo estava coberto de cicatrizes e ele era incapaz de falar uma palavra.
Logo, muitos cientistas pediram para examinar Victor. Pouco se sabe sobre o seu tempo na mata, mas acredita-se que ele passou 7 anos em estado selvagem. Um professor de biologia analisou a resistência de Victor ao frio, deixando-o nu na neve, e o menino não mostrou efeitos negativos da temperatura fria.
Outros tentaram ensiná-lo a falar e comportar-se “normalmente”, mas não fizeram nenhum progresso. Victor era, provavelmente, capaz de falar e ouvir mais cedo em sua vida, mas nunca voltou a se comunicar. Eventualmente, foi levado para uma instituição em Paris, onde morreu aos 40. [BoredPanda]
Ao conhecer as experiências de Marina Chapman, a fotógrafa decidiu pesquisar mais sobre o assunto e percebeu que existem casos documentados der crianças selvagens em quase todos os continentes.
Para ilustrar tais narrativas, seu projeto traz um toque sombrio às circunstâncias incomuns nas quais esses indivíduos viveram.
Confira:
Menina loba, México, 1845-1852
Em 1845, uma menina foi vista correndo de quatro com uma matilha de lobos que estava atacando um rebanho de cabras. Um ano mais tarde, foi vista novamente ao lado de lobos, comendo uma cabra. Ela foi capturada, mas escapou. Em 1852, foi vista pela última vez amamentando dois filhotes de lobo, mas correu para a floresta.
Oxana Malaya, Ucrânia, 1991
Oxana foi encontrada vivendo em um canil em 1991. Ela tinha oito anos e tinha crescido ao lado dos cães por seis. Seus pais eram alcoólatras e haviam a deixado para fora de casa uma noite. À procura de calor, a garota de três anos de idade foi para o canil dormir com os cães, um ato que provavelmente salvou sua vida.
Quando foi encontrada, ela se comportava mais como um cão do que uma criança. Corria de quatro, ofegava com a língua para fora, mostrava os dentes e latia. Por causa de sua falta de interação humana, ela só sabia dizer as palavras “sim” e “não”.
Terapia intensiva auxiliou Oxana a aprender habilidades sociais e verbais básicas, mas apenas com a capacidade de uma criança de cinco anos. Com 30 anos e poucos de idade, ela agora vive em uma clínica e trabalha com animais no local, sob a supervisão de seus cuidadores.
Shamdeo, Índia, 1972
Shamdeo, um menino com cerca de quatro anos de idade, foi descoberto em uma floresta na Índia em 1972. Ele estava brincando com filhotes de lobo. Sua pele era muito escura e ele tinha dentes afiados, unhas compridas em forma de gancho, cabelos emaranhados e calos nas palmas das mãos, cotovelos e joelhos. Ele gostava de caçar galinhas, comia terra e parecia ter um desejo por sangue.
Depois de obter ajuda, finalmente parou de comer carne crua, mas nunca aprendeu a falar, apenas a se comunicar através da linguagem de sinais. Ele morreu em fevereiro de 1985.
Prava (O menino-pássaro), Rússia, 2008
Prava, um menino de sete anos de idade, foi encontrado em um pequeno apartamento de dois quartos com sua mãe de 31 anos. Apesar de haver espaço, ele estava confinado em uma sala cheia de gaiolas de pássaros, contendo dezenas de aves e suas fezes. A mulher tratava o filho como mais um animal de estimação. Ele não estava fisicamente machucado ou malnutrido, mas não sabia falar porque ela nunca havia conversado com ele.
Como a única comunicação que ocorria era com as aves, o menino piava e, quando não era compreendido, acenava com os braços e as mãos como um pássaro. A mãe eventualmente concordou em abrir mãe da guarda de Prava, que foi transferido para um centro de atendimento psicológico, onde os médicos ainda estão tentando reabilitá-lo.
Marina Chapman, Colômbia, 1959
Marina foi sequestrada em 1954 aos 5 anos de idade de uma vila sul-americana remota. Em seguida, foi abandonada na selva por seus sequestradores. Ela viveu com uma família de pequenos macacos-prego por cinco anos antes de ser descoberta por caçadores. Ela comia bagas, raízes e bananas, dormia em buracos de árvores e caminhava de quatro. Parecia ter intimidade com os macacos e aprendeu com eles a subir em árvores e o que era seguro de comer.
Marina tinha perdido a linguagem completamente no momento em que foi resgatada. Mas os caçadores não lhe ajudaram. Na verdade, a venderam para um bordel, de onde ela escapou e passou a viver na rua. Em seguida, foi escravizada por uma família mafiosa, antes de ser salva por um vizinho, que a mandou para Bogotá para viver com sua filha. Eles adotaram Marina ao lado de seus cinco outros filhos. Quando ela chegou a adolescência, aceitou um emprego como governanta e babá e mudou-se com a família para o Reino Unido, em 1977, onde ainda vive hoje. Marina se casou, teve filhos e escreveu um livro sobre suas experiências selvagens: “The Girl With No Name”.
Madina, Rússia, 2013
Madina viveu com cães desde o nascimento até os três anos de idade, partilhando alimentos, brincando e dormindo com eles. Quando assistentes sociais a encontraram em 2013, ela estava nua, andando de quatro e rosnando como um cão.
O pai de Madina havia abandonado a família logo depois de seu nascimento. A mãe era alcoólatra e deixava a garota roendo ossos no chão com os cães. Madina fugia de casa para um playground com frequência, mas a falta de habilidades sociais atrapalhava sua interação com as outras crianças, que não brincavam com ela. Madina mal conseguia falar e brigava com todo mundo. Cães se tornaram seus únicos amigos.
Depois que foi encontrada, médicos analisaram Madina e concluíram que ela é mental e fisicamente saudável. Há uma boa chance de que tenha uma vida normal daqui para frente, uma vez que aprender a falar e agir como uma criança de sua idade.
Genie, EUA, 1970
Quando era criança, o pai de Genie decidiu que ela era “retardada” e a amarrou no assento de um vaso sanitário em uma pequena sala da casa. Ela ficou isolada em confinamento por mais de 10 anos. Até dormia sentada. Em 1970, aos 13 anos, uma assistente social notou sua condição. Ela não sabia falar e constantemente cuspia e arranhava-se.
Durante anos, Genie se tornou um objeto de pesquisa. Ela gradualmente aprendeu a emitir algumas palavras, mas não conseguia organizá-las gramaticalmente. Também começou a ler textos simples e desenvolveu uma forma limitada de comportamento social. A garota mudou de lares adotivos diversas vezes, experimentando abuso e assédio. Por fim, foi morar em um hospital infantil, onde foi constatado que ela havia regredido de volta ao silêncio. Hoje, parece que vive em uma instituição privada para adultos mentalmente subdesenvolvidos.
O menino leopardo, Índia, 1912
Em 1912, um menino de dois anos desapareceu, levado por um leopardo. Três anos depois, um caçador matou uma fêmea e encontrou três filhotes, um dos quais era o menino, agora cinco anos de idade. Ele foi devolvido à sua família em uma pequena aldeia na Índia.
Quando foi encontrado, andava de quatro tão rápido quanto um homem adulto na posição vertical. Seus joelhos estavam cobertos de calos duros, seus dedos estavam dobrados quase em ângulo reto com o seu peito do pé, e as palmas das mãos possuíam uma pele dura. Ele mordia todos que se aproximavam dele, e comeu uma galinha crua quando chegou à aldeia. O menino não podia falar, apenas rosnava e grunhia.
Mais tarde, se recuperou e passou a se comunicar e andar ereto. Infelizmente, ficou gradualmente cego de catarata. A condição não foi causada por suas experiências na selva, mas sim por uma doença comum na família.
Sujit Kumar, Fiji, 1978
Os pais de Sujit, que exibia comportamento disfuncional quando criança, o trancaram em um galinheiro. Sua mãe cometeu suicídio e seu pai foi assassinado. Seu avô assumiu a responsabilidade pelo garoto, mas ainda o mantinha confinado no galinheiro. Ele tinha oito anos quando foi encontrado no meio de uma estrada, cacarejando. Seus dedos estavam voltados para dentro.
Ele foi levado para um lar de idosos por cuidadores, mas como era muito agressivo, Sujit foi amarrado com lençóis em sua cama por mais de 20 anos. Agora com mais de 30 anos de idade, ele é cuidado por Elizabeth Clayton, que o resgatou do lar e vem o auxiliando desde então.
Kamala e Amala, Índia, 1920
Kamala, 8 anos, e Amala, 12, foram encontradas em 1920 em uma cova de lobos. Esse é um dos casos mais famosos de crianças selvagens. Elas foram descobertas por um reverendo, Joseph Singh, que relatou que as meninas tinham um olhar medonho, corriam de quatro e não pareciam humanas.
Quando foram capturadas, as garotas dormiam juntas, grunhiam, arrancavam suas roupas, não comiam nada a não ser carne crua, e uivavam. Fisicamente deformadas, com tendões e articulações em seus braços e pernas encurtados, elas não demonstravam nenhum interesse em interagir com humanos. Sua audição, visão e olfato eram excepcionais, no entanto.
Amala morreu no ano seguinte após a sua captura. Kamala aprendeu a andar ereta e a dizer algumas palavras, mas morreu em 1929 de insuficiência renal, com 17 anos.
Ivan Mishukov, Rússia, 1998
Ivan foi abusado por sua família e fugiu quando tinha apenas 4 anos de idade. Ele passou a viver nas ruas mendigando. Logo, desenvolveu um relacionamento com uma matilha de cães selvagens, compartilhando com eles a comida que ganhava. Ivan se tornou uma espécie de “líder” da matilha.
Passando dois anos desta forma, Ivan foi finalmente capturado e colocado em um lar para crianças. Ele ainda mantinha competências linguísticas por conta da mendicidade. Isso e o fato de que cresceu em condições selvagens por um curto período de tempo auxiliaram sua recuperação. Ele agora tem uma vida normal.
Marie Angelique Memmie Le Blanc (A garota selvagem de Champagne), França, 1731
Além de sua infância, a história de Memmie é surpreendentemente bem documentada. Durante dez anos, ela caminhou milhares de quilômetros sozinha pelas florestas da França, comendo pássaros, sapos, peixes, folhas, ramos e raízes. Lutou contra animais selvagens, especialmente lobos. Eventualmente, foi capturada aos 19 anos, com a pele escura, peluda e com garras. Memmie parecia estar em um estado de alerta constante. Ela não sabia falar e se comunicava apenas com gritos e guinchos. Seus polegares eram mal formados, mas ela podia esfolar coelhos e aves e comê-los crus.
A jovem recebeu muita atenção. Em 1737, a Rainha da Polônia, mãe da rainha francesa, levou Memmie para caçar com ela em uma viagem para a França. Ao longo de décadas, Memmie aprendeu a levar uma vida normal graças a série de patronos ricos, que financiaram sua recuperação. Em 1747, se tornou freira por um tempo, mas foi atingida por uma janela que despencou e seu patrono morreu logo depois. Ela ficou doente e desamparada, mas acabou encontrando outro patrono rico. Memmie morreu financeiramente bem em Paris em 1775, com 63 anos.
John Ssebunya (O menino-macaco), Uganda, 1991
John fugiu de casa em 1988, quando tinha três anos, depois de ver seu pai matar sua mãe. Na selva, passou a viver com macacos. Ele foi capturado em 1991, com cerca de seis anos, e colocado em um orfanato. Quando foi limpo, verificou-se que todo o seu corpo estava coberto de pelos. Sua dieta consistia principalmente de raízes, nozes, batata doce e mandioca, e ele tinha desenvolvido um caso grave de vermes intestinais. O menino tinha ainda calos nos joelhos de andar como um macaco.
Depois de resgatado, John aprendeu a falar e andar como um ser humano. Sua voz fina ficou famosa, quando ele fez uma turnê no Reino Unido com o “20-strong Pearl of Africa”, um coral de crianças.
Victor (O menino selvagem de Aveyron), França, 1797
Este é um caso histórico, mas surpreendentemente bem documentado de criança selvagem, uma vez que Victor foi muito pesquisado. Encontrado no final do século 18 na mata de Saint Sernin sur Rance, no sul da França, o menino foi capturado, mas de alguma forma escapou. Em 8 de janeiro de 1800, foi resgatado novamente. Com cerca de 12 anos de idade, seu corpo estava coberto de cicatrizes e ele era incapaz de falar uma palavra.
Logo, muitos cientistas pediram para examinar Victor. Pouco se sabe sobre o seu tempo na mata, mas acredita-se que ele passou 7 anos em estado selvagem. Um professor de biologia analisou a resistência de Victor ao frio, deixando-o nu na neve, e o menino não mostrou efeitos negativos da temperatura fria.
Outros tentaram ensiná-lo a falar e comportar-se “normalmente”, mas não fizeram nenhum progresso. Victor era, provavelmente, capaz de falar e ouvir mais cedo em sua vida, mas nunca voltou a se comunicar. Eventualmente, foi levado para uma instituição em Paris, onde morreu aos 40. [BoredPanda]